domingo, 3 de abril de 2011

A Bruxaria Lupínica




A denominada Bruxaria Lupínica é uma ocupação da arte hereditária de tradição Lupino, cuja procedência se liga as feiticeiras de Cantanzaro. As bruxas de Cantanzaro foram o berço do conhecimento e introdução de Franchesca Loria, que compartilhou sua arte com sua irmã Mariana. Esta, ao casar-se com S. Lupino no período da imigração italiana ao Brasil, não tinha com quem dividir sua arte e ofício nesse país, e os conservou para sua família, de onde todos os últimos domingos de cada mês se reuniam em sua casa no interior de São Paulo, para a ocasião forte.

          Numa estação onde o ocultismo, a feitiçaria e as ordens mágicas se erguiam, conforme sabemos hoje, ocorrera também com outras bifurcações da bruxaria européia familiar, os praticantes sorveram diversas culturas dos diferentes locais, elementos que agregaram harmonicamente a suas próprias práticas e crenças. Assim, parece que cada família deu sua contribuição pessoal para a edição de sua 'Congrega' de feitiçaria familiar, destarte, não sendo iguais, como nenhuma família é igual à outra.

A ocultação das práticas em congregações familiares tornou-se ainda mais sigiladas e aos poucos formou-se raízes de onde se pode transmitir as cravelhas prestimânicas para alguns amigos íntimos que não guardavam consangüinidade, mas mantinham um elo que transcendia a carne, e dessa forma, a fim de assegurar os segredos foi criado um juramento específico, onde a magistra obtinha sangue, medidas específicas e unhas de seus juramentados. Estes por sua vez formavam os chamados clãs misteriosos. Isso resultou uma inclusão de aderentes ao ofício, uma vez que uma das preocupações dos Comandes de clãs familiares, era a continuação da prole, ainda que as práticas se mostravam distintamente domésticas e o vizinho não tinha acesso aos mistérios e segredos que a família ao lado guardava, poderia levar à decadência da gema de tradição familiar que reduziria o poder do 'sangue mágico' caso a família fosse extinta.

O mito aquiescido ao clã Lupino serve ao casal Etrusco de deuses Lobos do Monte Palatino, o qual possuía uma confraria familiar de sacerdotes, encarregados de celebrar seu culto como Lupercus Faunus, nas Lupercálias (festas agitadas pela fé feiticeira), onde todos os sacerdotes que se intitulavam Lupinos (lobinhos), filhos de Lupercus, usavam máscaras feitas com couro dos lobos e adornavam seus pescoços com uma coleira feita com dentes de lobo, contudo, completamente despidos contornavam o Palatino, todo mês de fevereiro, flagelando com tiras de couro de cabra as mulheres que desejavam se purificar, a fim de serem posteriormente fertilizadas.

O medo de não engravidar era contínuo entre as mulheres, uma vez que deixar descendentes era a premissa que um marido exigia para se constituir uma família, da mesma forma era requisito primordial para que algum homem se interessasse pela mulher fértil.

Este Rito visava provocar a purificação para posteriormente serem fecundadas, ou tornarem-se fecundas. O Lupino mais graduado dentre os Lupinos imolava a cabra e tocavam horizontalmente a testa das pessoas com um punhal ensangüentado e, em seguida limpava-a com um floco de Lã embebido em leite de cabra. Em seguida, eles iniciavam um acesso de riso, traduzindo num rito iniciático e a alegria contagiava a todos.

O sacrifício completava-se com a oferenda de um lobo, cão ou raposa, igualmente imolado e seu sangue era depositado num chifre ritual onde, após consagrado, os sacerdotes molhavam o polegar da mão direita no sangue e o tocava na testa de cada membro que fora purificado, com o intuito de marcá-los “Esse é de Lupercus, ninguém o devora”.

            O santuário de Lupercus ficava numa gruta sagrada, chamada de 'A gruta do Lupercal', nos cumes do Palatino, onde segundo a tradição, este Santuário era dedicado ao Deus Lupercus e sua esposa a Deusa
Lupa, a Loba que amamentou Rômulo e Remo.

O douto dos Lupinos, foi reorganizado por Augusto Lupino, um descendente da Casta de Sacerdotes, no fim do século XIX e restaurou a fonte familiar sagrada da tradição Zana di Lupino.
No Brasil, através da italiana M. L. Lupino, os costumes foram transmitidos pela convivência direta para os "de sangue" o qual os guardava as sete chaves, de tal forma que cada estirpe pudesse dar seu ateie pessoal majorando métodos de esoterismo e feitiçaria utilizados dentro de casa, tornando-se uma memória bruxa, parecida com uma religião doméstica.

Os feiticeiros Lupinos tem preferido desde a 'passagem pra lá do véu', da Matriarca Nona Mariana no inverno de 1989, manter-se no anonimato e não comungavam com o uso de aparecimentos em público, não obstante, hoje se faz necessário que alguns de nós mostrem a cara a fim de desmistificar o que de fato foi e ainda é a bruxaria dos Lupinos, e isso tem sido empenhado pelo nosso Lobo querido Cléber a.k.a. Sett.

A majoração da Tradição Familiar Lupino se subdividiu com o Clã dos Bernardo, também hereditário, onde ouve uma rica troca de conhecimentos, e a partir daí a ciência mágica que antes era conhecida por Tradição Familiar Lupino, passou a ser chamada carinhosamente de Tradição Palatina, como homenagem ao monte Palatino e o serviço ali efetuado. Os iniciados na Tradição Palatina são pessoas da mais alta confiança e sem consangüinidade com os membros hereditários, mas sim - possuem um pacto de almas - uma vez devidamente iniciado nos ritos formais, são bruxos tradicionais.

Hoje, esse ofício se mantém coeso é exercido com responsabilidade civil e ecológica, extraída da convivência entre o caminho de espiritualidade dos seres humanos e o ecossistema. A Tradição possui teologia, cosmogonia, mitologia, liturgia, ética, lei, doutrinas, templo, mistérios, costumes, crenças e rituais que lhe são próprios e distingue-se das demais tradições domésticas em razão de ser uma tradição familiar no que tange sua linhagem. Não admitimos ativistas de nenhum tipo, nem os radicais exacerbados, pois acreditamos que tais comportamentos só servem para atribuir em nossa sociedade, uma ferida ainda maior do que aquela causada pelo patriarcado. Buscamos fornecer um tratamento diferenciado, como iguais e separados, no que diz respeito ao humanismo, espiritualidade e urbanidade, bem como o respeito a qualquer habitante do mundo, desde que somos orientados pela filosofia dos lobos, cujo tronco de cunho shamânico teve sua primasse na fundação de Roma na Itália, e a isso se liga a comarca de Alba Longa, berço dos Lupinos, que já estava lá antes do Vaticano.

Em nosso regulamento moral, desconhecemos discriminações quanto à cor da pele, origem étnica e orientação sexual. O censo iniciático corresponde à magia polarizada, e os ensinamentos tradicionais da família. As transmissões da doutrina, da linhagem e do poder são realizadas por todo e quaisquer magister ou magistra.

O percurso desse ensinamento possuem três etapas a saber, que não são graus: 

1 – Etapa Noviça, que dura no mínimo o tempo de uma gestação;
2 – Etapa Tutorada, que dura o tempo necessário para o amadurecimento pessoal.
Estas duas etapas são fundamentais para o ensino e aprendizado da Arte, sem elas não se transpassa a fronteira da muralha.
3 – A Iniciação. O início do caminho Lupino é marcado pela transmissão do poder, onde uma prova vivida com os Deuses Patronos individualmente por cada membro se faz presente. Isso dá ou não legitimidade ao parente em ser reconhecido pelo clã como "um de nós". Daí o termo “Só um Lupino faz outro Lupino".

       Além de vários ritos específicos, valorizamos seis passagens, sendo elas: O Nascimento, A Puberdade, O Amadurecimento, A União, O Envelhecimento e A Morte Natural. Após a morte natural de qualquer membro da tradição, seu espírito é reverenciado no Lararium por todos os Clãs Lupinos.

       Os Sabbats Lupinos são a ‘Ocasião forte’ de nossos dias santos.

      O Rito Lunar é de colisão das Bruxas Lupinas, onde cada iniciado relata seu recente labor, e todos o provam com uma boa fumaça. Neste rito significamos os trabalhos de interesses da família.

O Livro dos Lobos é reproduzido por cada iniciado mantendo os costumes da tradição.
Além da treinagem mágica seguida pelo Livro dos Lobos, cada parente é encorajado dentro de seu clã, a ensinar e treinar os demais, as suas habilidades e dons naturais caso os tenha, e a isto se anota e compartilha com todos do Clã.

A prática se faz em conjunto e em alguns casos, individualmente.

As possíveis desavenças ou desentendimentos são encarados como em qualquer família Italiana como algo natural, e é desencorajada em razão do vínculo mágico, da confiança, amor e exata medida, não podendo existir o rompimento do vínculo mágico.


Em nossa tradição, somos instruídos e direcionados fortemente ao trabalho de cura energética e espiritual através dos pináculos do Martelo Duplo de Valéria Luperca.

O Martelo duplo evoca em nossas mentes, os três caminhos percorridos na busca pela iluminação, a experiência de luz, o exame de trevas, e o atual estado composto pelas duas canchas anteriores, e dessa forma acreditamos aflorar nossa liberdade.


Possa o Bom Lararium lhe abençoar e Caputspher acender a sua luz!

Por Aethelwulf

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