sábado, 3 de setembro de 2011

A Insígnia da Máscara e os Diabos Mascarados – 3ª e última parte.




AS MÁSCARAS SOCIAIS

Em nosso tempo, temos as máscaras sociais que nada mais são que os estilos sociais que necessitamos assumir nas mais diferentes ocasiões e espaços da sociedade contemporânea. Bertolt Brecht utilizou a palavra “gestus” para se referir às atitudes sociais nas inter-relações dos papéis desempenhados no meio social. 

As inclusões de poder entre os personagens trazem o “gestus” brechtiano, ou melhor, a máscara social do personagem. Esta máscara social não carece ser efetivamente uma peça para deitar sobre o rosto, mas uma canção, uma palavra, uma atitude, ou um acessório cênico (religioso ou não). A palavra “gestus” vem da gestalt, termo alemão intraduzível, de 1870, com um sentido aproximado de figura, forma, aparência, cuja doutrina traz em si a concepção de que não se pode conhecer o todo através das partes, e sim as partes por meio do conjunto.



Hoje a máscara ainda é acessório importante em nossa sociedade, sendo utilizada em festas folclóricas, rituais sagrados, e em outras situações que expressam a nossa tradição cultural. A máscara é eterna!
Sendo assim, não poderíamos deixar de mencionar, a célere frase da canção Le Bal Masqué, de La Compagnie Créole: “Derrièr' mon loup, Je fais ce qui me plaît, me plaît”, que significa: “atrás do meu lobo, eu faço o que gosto, eu gosto”.

As máscaras reanimam, a intervalos regulares, os mitos que pretendem explicar as origens dos costumes cotidianos. De acordo com as insígnias, a ética se apresenta como uma réplica da gênese do cosmo. 



As máscaras preenchem uma função social: as cerimônias mascaradas são cosmogonias representadas que regeneram o tempo e o espaço: elas tentam, por esse meio, substrair o homem e todos os valores dos quais ele é depositário da degradação que atinge todas as coisas no tempo histórico. Mas são também verdadeiros espetáculos catárticos, no curso dos quais o homem toma consciência de seu lugar dentro do universo, vê a sua vida e a sua morte inscritas em um drama coletivo que lhes dá sentido, e por fim, os diabos mascarados somos nós mesmos.

Sett Ben Qayin


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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VASCONCELLOS, Luiz Paulo. Dicionário de Teatro. Porto Alegre: L&PM, 2001.



4 comentários:

  1. Parabéns pelo artigo... Vou precisar assimilar as informações pra tecer algum comentário.

    Congratulações pela pesquisa e pelo compilamento de qualquer forma. Material muito pertinente.

    Abraços

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  2. Ah, agradeço sua apreciação querido, é sempre um prazer trazer à pauta alguns estudos que nos engrandece.
    Abraços.

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  3. Gostei muito da postagem.

    Nela foi mostrada a excelência de uma grande verdade.

    Meu caro,

    Gostaria de saber e a familia lupino possui uma forma de contato mais direta?

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  4. Paulo, o Cléber tem facebook. Fale com ele.

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